sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Teóricos da Autogestão: Anton Pannekoek




ANTON PANNEKOEK: TEÓRICO DA AUTOGESTÃO

BREVE BIOGRAFIA

Anton Pannekoek nasceu em Vaassen, Holanda, em 02 de janeiro de 1873. Sua família era das classes privilegiadas e seu pai era ligado ao Partido Liberal, motivo pelo qual ele iniciou sua participação política no interior do liberalismo. Com o passar do tempo vai se afastando dessa tendência e ao entrar na universidade para estudar astronomia, se afasta e passa a atua no Partido Socialdemocrata da Holanda. Logo se alinha com as tendências dissidentes, que publicavam o jornal A Tribunal, razão pela qual sua posição e de outros como o poeta Hermann Gorter passou a ser chamada de “tribunista”. Posteriormente rompe com a socialdemocracia, após estada na Alemanha, e acaba apoiando o processo revolucionário alemão e se aliando, junto com outros militantes como Gorter, Mattick, Rühle, ao Partido Comunista Operário Alemão, que era antiburocrático e se colocava como não sendo um “partido propriamente dito” e fazendo parte da tendência conhecida como “comunismo de conselhos”, autogestionária e antileninista e antissocialdemocrata. Com a derrota da Revolução Alemã e o refluxo do movimento operário na Europa Ocidental (com as derrotas das demais tentativas de revolução na Hungria, Itália, e derrota das lutas radicais na Inglaterra, França, etc.), ele acabou se afastando das lutas políticas proletárias diretas, mas continua colaborando com os grupos comunistas conselhistas restantes na Holanda, Alemanha e outros países e produzindo obras sobre o movimento operário. Em 1947 publica sua grande obra, Os Conselhos Operários. Assim, até sua morte em 1960, ele continua colaborando com os periódicos conselhistas e próximos, bem como trabalhando como professor de astronomia, sendo que desde o início do século 20 é um dos mais renomados astrônomos a nível mundial.

PRINCIPAIS OBRAS AUTOGESTIONÁRIAS
Pannekoek foi um autor prolixo, que escreveu mais de duas mil cartas, uma enorme quantidade de artigos, diversos livros. A sua obra mais famosa, no entanto, é História da Astronomia. Também escreveu sobre evolução e darwinismo. As suas obras voltadas diretamente para as questões políticas principais foram escritas ao longo do tempo e reproduzindo as fases distintas de seu pensamento político, como dissidente da socialdemocracia, dissidente do socialismo radical e comunista conselhista. Desde suas primeiras obras, no entanto, já pensava o comunismo e o movimento operário de forma distinta do que ficou conhecido pela abordagem socialdemocrata, amplamente criticada por ele, e pelo bolchevismo, que ele entrará em confronto com o seu próprio desenvolvimento e atinge o cume com as notícias da burocratização da Rússia. Sobre autogestão ele produziu uma conjunto enorme de cartas, artigos e um livro em especial, sendo que diversos artigos foram posteriormente reunidos e publicados como livros.
A sua principal obra é justamente o livro “Os Conselhos Operários”, onde ele sintetiza sua teoria e produção intelectual a partir do impacto da derrota do movimento operário e dos conselhos operários no início do século 20. Essa obra, que tem uma parte publicada no Brasil, sob o título A Revolução dos Trabalhadores, se destaca por haver todo um trabalho de análise dos conselhos e seu significado histórico. Outra obra publicada no Brasil, que reúne diversos artigos deste autor, no qual mostra sua crítica aos partidos políticos e aos sindicatos e sua defesa dos conselhos operários, é Partidos, Sindicatos e Conselhos Operários.
Pannekoek, assim como Marx, não usou a expressão “autogestão”, que só vai surgir no Maio de 1968 na França, mas usou termos que possuem o mesmo significado: comunismo, sistema de conselhos, conselhos operários.
A posição radical de Anton Pannekoek e sua recusa tanto da socialdemocracia e bolchevismo, levou seu pensamento a um processo de marginalização dentro do movimento intitulado “socialista”, especialmente a partir da chamada “bolchevização” dos partidos comunistas. No entanto, seu nome geralmente emerge nos momentos de radicalização das lutas, como no Maio de 1968 na França e a partir do movimento antiglobalização no final dos anos 1990, e ele sempre foi uma referência dentro dos grupos radicais dissidentes ou antagônicos à esquerda tradicional.

LINKS PARA LIVROS E ARTIGOS AUTOGESTIONÁRIOS
PANNEKOEK, Anton. Partidos, Sindicatos e Conselhos Operários. Rio de Janeiro: Rizoma, 2011.
PANNEKOEK, Anton. A Revolução dos Trabalhadores. Florianópolis: Barba Ruiva, 2007.

Veja também: Leitura recomendada e Textos, para mais indicações bibliográficas de/sobre Pannekoek e a autogestão.

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